Passos Coelho vem dizer que as pessoas recebem pensões mais elevadas do que aquilo que contribuíram. É verdade para uns e é mentira para outros. Se alguém viver até aos 90 anos e receber uma pensão de alto valor vai haver um momento em que começa a receber mais do que aquilo que descontou. Se alguém tem a infelicidade de morrer novo, perde todo o dinheiro descontado dos seus vencimentos, que não transita para os seus herdeiros. Para o bem ou para o mal acontece que o regime de pensões não é um regime de aforro, digamos, um desconto que vai para uma conta pessoal como se fosse uma conta bancária, mas tem mais semelhança com um seguro. Nos seguros os que não têm acidentes pagam para os que têm acidentes e ficam até muito satisfeitos com isso (pagar e não receber). No regime de pensões atual as pessoas descontam do seu vencimento e a entidade patronal desconta outra parte. Quando se está a descontar ninguém sabe quem vai ganhar e quem vai perder. Diz-se até que o Estado tem usado esse dinheiro para investimentos e até para aplicações financeiras.
Vejamos o meu caso pessoal como exemplo. Num cálculo aproximado, em 38 anos de serviço descontei cerca de 105 000 Euros. Por mérito e esforço pessoal, atingi o topo de uma carreira profissional, pelo que tenho direito a valores superiores à média. Se vier a ter uma pensão de 1800 Euros mensais isto quer dizer que durante os primeiros 5 anos estou a gastar do meu próprio dinheiro. Mas, como a entidade patronal devia fazer também o desconto igual ao trabalhador, estes cinco anos passam para dez anos.
Portanto, a ideia de que os trabalhadores mais novos no ativo estão a contribuir para o valor que vou receber na minha aposentação, isso só será verdade daqui a 10 anos. Mas, mesmo assim, considerando a lógica dos seguros, muitos dos aposentados terão já morrido antes de atingirem os dez anos em que estão a gastar do seu próprio desconto, ficando a diferença para os outros.
O Sr. Passos Coelho que não engane mais os portugueses. Quem recebe pensões muito acima do que descontaram são os deputados e membros dos governos e outros cargos políticos. Muita dessa gente recebe reformas milionárias ao fim de 12 anos ou pouco mais de descontos. Esses é que não merecem. Os Miras Amarais, os Catrogas, os Marques Mendes, etc., que ainda por cima continuam a trabalhar e a receber. Interessante que nenhum destes gosta do Sócrates, pois foi ele que criou uma lei que diz que sendo reformado não pode acumular nenhum salário do Estado, ou então tem de desistir da reforma. Veja-se o Presidente da República. Este senhor está a gastar do dinheiro das aposentações em vez do salário de Presidente.
Não há dinheiro, não há dinheiro, (a música da moda).
Mas Passos Coelho usou todo o dinheiro, acumulado para as pensões dos bancários, para baixar desnecessariamente o défice público de 2011. Agora será a Segurança Social a pagar nos próximos anos as reformas dos bancários.
Estamos perante uma vigarice. O homem do lixo, que toda a vida foi administrador incompetente de empresas de lixo, está agora a tratar-nos como lixo.
Referência a consultar
Governo vai transferir fundo de pensões da banca para pagar BPN e Madeira
(sempre os amigos do Cavaco, já é azar).