Não sou adivinho, mas sem querer antecipei a “peça” que tínhamos pela frente.
Fiz há duas semanas um post sobre a afirmação parva de Sérgio Monteiro de que a diminuição das receitas dos transportes públicos não se deviam tanto à crise mas mais aos passageiros que começaram a viajar sem bilhete.
Agora nova “pedrada” na inteligência e na paciência dos portugueses.
Sérgio Monteiro é o Secretário de Estado com a tutela das parcerias público privadas que estão em investigação no processo “Buraco no Asfalto”. Diz-se que houve acordos secretos para beneficiar as empresas privadas em prejuízo do interesse público.
O Ministério Público fez buscas a casa do antigo secretário de Estado do governo Sócrates – Paulo Campos – e foi logo noticiado nos jornais. Ficámos depois a saber, numa entrevista deste a uma televisão, que Sérgio Monteiro tinha sido um dos interlocutores desse negócio.
Sérgio Monteiro, como Administrador do Banco de Investimentos da Caixa Geral de Depósitos, nesta qualidade assinou os documentos “secretos” que o Ministério Público foi procurar a casa dos antigos Ministros Mário Lino e António Mendonça, e ainda do secretário de Estado Paulo Campos. Sérgio Monteiro foi o representante dos sindicatos de bancos com intervenção nos negócios de, pelo menos, sete PPP. Porque razão o Ministério Público não perguntou a Sérgio Monteiro pelos documentos que ele próprio tinha assinado? Ou porque não fez buscas a casa deste?
Diz-se que o Tribunal de Contas não teve acesso aos tais documentos. Era Almerindo Marques, das Estradas de Portugal, que tinha a responsabilidade de enviar os tais documentos para o Tribunal de Contas, mas, nem foi incomodado.
Conclusão. Como tem acontecido demasiadas vezes, a falta de habilidade que falta ao Ministério Público para procura as coisas nos sítios certos e nas pessoas certas, sobra-lhe em habilidade para fazer chegar toda a informação da realização de buscas aos jornais amigos.
Em resumo: Sérgio Monteiro defendeu os interesses dos privados e agora “defende?” a parte contrária - o interesse público. Mas isto não faz sentido! Enquanto representava os privados, que se diz estarem a ganhar milhões indevidamente, Sérgio Monteiro preocupou-se com o interesse público? Não foi ele a pedir tais condições?
Não venham dizer que Sérgio Monteiro queria fazer um negócio justo, com menos lucros para os privados, e foram os ministros de Sócrates que exigiram que o Estado ficasse prejudicado pagando mais do que o devido. Isto era o Mundo de pernas para o ar. Alguma coisa não bate certo.