Vejamos se tem alguma lógica diminuir o valor do salário mínimo para diminuir o desemprego.
Suponhamos por exemplo que alguém tenha um empregado para cortar a relva do jardim e ele for suficiente para cortar toda a relva e tratar das árvores.
Ao diminuir-lhe o salário para metade, poderia usar o mesmo dinheiro para contratar dois jardineiros? Teoricamente, sim.
Para o patrão teria o mesmo custo, mas se o trabalho for o mesmo qual a vantagem em pagar a dois para estarem cada um deles metade do tempo sem fazer nada? O que trabalhava antes o tempo inteiro não ficava nada satisfeito, pois poderia até não ter dinheiro suficiente para os transportes ou que chegasse para o almoço. O que não tinha emprego fica mais satisfeito de imediato, mas iria também chegar à conclusão que o que recebia não lhe chega para as despesas.
Muitíssimo satisfeito ficaria o patrão ao pagar metade do salário e estaria nas tintas para contratar um segundo jardineiro. Continuava só com o antigo.
Conclusão
Esta teoria não parece válida para o salário mínimo. A teoria do Sr. Primeiro-Ministro e do Sr. Borges só seria válida para os salários milionários, que, ao passarem para duas vezes o salário mínimo (bem bom), deixassem o restante para ser dividido por trabalhadores com o salário mínimo. Cada salário de um destes grandes tubarões daria emprego a 80 pessoas, que viveriam com pouco, mas ainda assim suficiente para superar a crise. Não se resolvia o problema global mas dava-se emprego a uns milhares, moralizando os restantes. Jardim Gonçalves recebe 160 000 Euros de reforma por mês. Se lhe dessem só 5000 o restante daria para 320 salários mínimos.
Mas há um ponto fraco nesta teoria. Como estimular o esforço dos jovens estudantes dizendo: "-Trabalhem mais para no futuro terem uma vida um pouco melhor?" Eles diriam com razão. "- Estudar? Esforçar-me? Para no fim ganhar o mesmo dos que não têm tanta capacidade e se andam agora a divertir?"
Chegámos de novo ao comunismo utópico. A nomenclatura e os amigos vivem bem, os outros não têm razão para se rirem uns dos outros.