Estive hoje numa conferência sobre eficiência energética e energias renováveis. No período de debate fiz a seguinte pergunta a um dos oradores (um conhecido prof. de uma Universidade).
- Este ano temos tido uma grande produção de energias renováveis, pelo que, a certas horas, a oferta de energia eléctrica supera a procura (o consumo), razão pela qual o preço cai a zero e a energia é exportada a preço zero.
No gráficos em tempo real da página da REN pode-se ver a exportação, que em muitos casos se confirma ser a preço zero.
Nota: Negativo significa exportação. Exemplo do dia 13 de abril 2013.
O apresentador respondeu-me da seguinte forma: - A energia é como a pêra rocha. Se vários produtores colocarem ao mesmo tempo no mercado grandes quantidades de peras o preço vai descendo, podendo mesmo chegar a uma situação que o produtor fica com duas soluções: ou deita as peras para a lixeira ou dá a alguém. Como a energia não pode ser deitada fora resta dar a custo zero.
Claro que a resposta não me satisfez. O problema de dar a energia a Espanha não é o que me faz mais incómodo, o que me preocupa é que são os consumidores portugueses a pagar ao preço normal o que é oferecido a outros.
Voltando à imagens das peras, é como se o produtor oferecesse as peras aos que não são seus clientes, e quando vendesse peras aos seus consumidores habituais cobrasse o preço das peras oferecidas no período da fartura.
Outro orador confirmou tudo isto e disse que não era permitido passar a energia eléctrica para além dos Pirenéus porque não só os espanhóis não deixam, mas também os franceses não querem energia mais barata do que a que eles produzem nas centrais nucleares.
Então isto está viciado. É preciso alterar a legislação nacional e comunitária.
Quando pedirem a Portugal para pagarmos a nossa dívida dizemos que pagamos em energia,
porque n ã o h á d i n h e i r o.