Imaginemos um incompetente a governar um país. O que faria?
Se numa organização colocarem num lugar executivo alguém totalmente ignorante em relação aos assuntos sobre os quais tem de tomar decisões, o que é que esta pessoa iria fazer? Com medo de fazer asneiras a primeira coisa seria começar a perguntar aos outros o que fazer. Em vez de começar a estudar os assuntos para vir a ter a sua própria opinião e depois avaliar a dos outros, começava a ouvir todas as conclusões, mas acabaria por não perceber as justificações dos inevitáveis diferentes pontos de vista. Então, quanto mais incompetente mais iria escolher as soluções simplistas e pouco pensadas, por lhe parecerem mais obvias. Numa segunda fase começava a fugir de tomar a seu cargo a decisão das soluções e a tentar passar para outros todas as responsabilidades. Para sua segurança no futuro sempre poderia dizer, "... isto não fui eu que fiz ou decidi, foram os meus assessores, em quem eu confiei".
Este princípio aplicado a um governante, leva a que Ministros e Primeiros-ministros se façam rodear por uma nuvem de assessores e consultores (para as privatizações, para a reforma do Estado, etc.), entreguando as funções do Estado a entidades privadas (se possível de amigos), em vez de eles próprios contribuírem para encontrar as melhores soluções para os problemas e melhorarem o próprio Estado. Desta forma resolvem de uma só vez dois problemas:
1 - Deixam de ter de pensar nos problemas e ter de encontrar soluções para eles;
2 - Fazem-se rodear de amigos que os apoiam e protegerão no futuro. O que é que tem acontecido em Portugal nos últimos anos senão isto? Entregam-se os bons negócios do Estado a privados, tal como as empresas das comunicações, a eletricidade e energias, os bancos, as vias de comunicação, etc., preparando-se em seguida as empresas dos transportes e das águas, o ensino, os correios, a saúde e mais tarde a segurança, a justiça e até a cobrança dos impostos.
Isto lembra-vos qualquer coisa? A mim lembra Passos Coelho e a sua política ultra liberal. Dentro de pouco tempo ele pensa ter os problemas resolvidos sem ter de puxar pelos miolos. Alguém vai tomar todas as decisões por ele, mas o pior é que vai fazer todos os portugueses pagar por isso. Estamos em tempo de eleições. Lembrem-se que não é a política que faz os maus políticos, mas é o voto que transforma um imbecil em político e lhe dá o poder de mandar em todos nós.
Não há dinheiro, não há dinheiro ..., blá, blá, blá ...,
Não há dinheiro para o ensino público mas há dinhheiro para pagar o ensino particular, não há dinheiro para prevenir os incêndios florestais e proteger ou limpar a floresta mas há 79 milhões todos os anos para as empresas do helicópteros e aviões para apagar os incêndios, não há dinheiro para as aposentados, mas há para os bancos e para as parcerias público-privadas, não há dinheiro para os funcionários das limpezas do serviços do Estado, mas há para as empresas dos mesmos serviços com exploração vergonhosa dos trabalhadores mas bons automóveis para os dirigentes destas empresas parasitas, etc., etc.
O que não há mesmo é organização e chefias competentes que não sejam os amigos dos partidos, das Opus Dei, das maçonarias, das boas famílias, etc.