Portugal deve dinheiro aos mercados que lhe emprestaram. Espanha deve dinheiro aos mercados. A Itália, a Finlândia, a Holanda, a França, a Irlanda, a Grécia, Chipre, etc., etc., meio Mundo deve dinheiro aos mercados.
"Mercados". Mas quem são os mercados?
É algum país em particular?
Não! Os mercados são os bancos! Claro que os bancos de alguns países são mais "mercados" do que os de outros.
Mas o dinheiro dos bancos é maioritariamente o dinheiro das empresas ricas e das pessoas ricas, os chamados investidores.
Então "os mercados" pode ser o vizinho da nossa rua, aquele que tem um Audi ou um BMW. Pode ser e é o construtor civil que construiu o prédio mais alto do nosso bairro.
Então numa situação extrema de crise, se um país deixar de pagar a sua dívida quem fica a passar mal? Ninguém em particular. Fica um pouco menos rico alguém que já tem uma boa casa, um barco, um bom carro, e que depositou o excedente, do que não precisava para comer, num banco.
Mas, se não lhe pagarem o que emprestou para receber juros o mais elevados possível, uma das "vinganças" é não emprestar mais.
Isto que estou a dizer não existe? - Existe, existe! Mesmo em Portugal (país pobre), Basta passar nas marinhas das cidades à beira mar e ver os iates de luxo que estão atracados, ou os automóveis de alta cilindrada (gastando 20 litros ou mais aos 100km), que passam por nós nas auto-estradas (Ferraris, Audis e BMW de alta gama).
Conclusão.
"Os mercados" são também algumas das pessoas que se cruzam conosco todos os dias.
O dinheiro que falta a uns, para as coisas mais básicas, sobra a outros para emprestarem aos primeiros que pouco ou nada têm, cobrando-lhes juros que os tornam ainda mais ricos e aos outros cada vez mais pobres.
Se ninguém pagasse a ninguém nada de mal acontecia ao Mundo!? Sim e não.
Solução radical
Teoricamente a solução verdadeiramente radical seria quem deve não pagar.
Os credores ficavam furiosos, mas quem deve teria de se desenrascar. Dividiam o que tinham e pronto.
Os que têm muito ficariam furiosos e por menos já houve guerras.
Mas também os que pedem deixariam de vez de pedir e encontrariam o seu equilíbrio. Viveriam dentro das suas possibilidades.
O dilema é que na divisão das sobras sempre haverá uns que querem ficar com mais do que outros.
Estranhamente os "mercados" também não gostariam desta solução radical. O seu negócio é a exploração. Acabar com quem pede emprestado era matar a galinha que põe os ovos de ouro.
Nenhum "mercado" empresta dinheiro à Guiné e eles vivem, ou melhor dito, sobrevivem. Mal, muito mal, mas são sustentáveis e não devem nada a ninguém, e se devem não têm nenhuma intenção ou possibilidade de pagar. Ninguém invadiu ainda a Guiné.
Não devemos esperar nem querer esmola dos mercados, mas também não devemos permitir que engordem à nossa custa.