Angola é muito importante para Portugal, dizem todos os políticos e comentadores de bancada.
Pois Angola é importante porque faz grandes negócios em Portugal, compra bancos e empresas estratégicas, e vivem lá muitos portugueses que transferem para Portugal algumas das suas economias (algumas, porque os mais precavidos deixam o dinheirinho na Suíça, não vá o diabo tecê-las).
Mas Angola não é rica só nos dias de hoje. No tempo colonial Portugal exportava café, diamantes, ferro, petróleo, mas que se saiba não existia nem existem diamantes e café no Alentejo. Portugal aguentou financeiramente uma guerra colonial em várias frentes, sem ficar a dever dinheiro aos "mercados". Aliás, a defesa das "províncias ultramarinas" eram a cortina de defesa para continuar a aproveitar as riquezas de Angola.
Mas quem aguentou os negócios e economia de Angola, quem ensinou os angolanos a falar português, a ter um mínimo de educação. moral e civilização ocidentais, num nível muito superior relativamente aos restantes países africanos?
Foram os portugueses que viveram em Angola. Os retornados e os nascidos lá.
Por estas e por outras é que é triste ouvir por vezes alguém dizer que os portugueses do continente receberam muito bem os retornados (os colonialistas), como tendo sido um grande favor.
Pelo muito dinheiro que entrou e ainda entra em Portugal vindo de Angola, têm todos de agradecer aos tais portugueses que vieram de Angola com uma mão à frente e outra atrás. Aliás, nem todos mal, alguns conseguiram trazer muita coisa, precisamente os que lá estavam e não acreditavam muito nem gostavam de lá ficar.
Também muitos estrangeiros, sem saberem nada da história, dizem que os portugueses estavam a colonizar os africanos. Mas os que lá viveram, pelo menos depois de 1955, sabem que os de raça escura se sentavam ao lado dos brancos nas carteiras das escolas e brincavam juntos no recreio, ao contrário do que faziam em geral os ingleses, os franceses, os alemães, os espanhóis e outros. Nem hoje os amigos de última hora, chineses, americanos e russos.
São as contradições da vida. Os que mais e melhor fizeram foram os que mais perderam.
Resumindo, fui eu, meu pais e mais um punhado de "brancos" que vivendo e trabalhando em Angola ensinaram os angolanos de cor mais escura a falar português, a terem nomes portugueses, a gostarem de Portugal, a serem adeptos do Benfica, e virem hoje a Lisboa comprar coisas caras.