Os políticos, por definição, não podem ter dúvidas. Quando tomam uma decisão esta tem de ser a melhor opção entre todas as hipóteses possíveis. Isto compreende-se do ponto de vista de credibilidade da pessoa política, mas acaba por ser uma aberração no ponto de vista da realidade. Muitas vezes, em situações bem concretas, no momento de tomar uma decisão ainda não há dados ou informação suficiente para ponderar as melhores soluções.
Na engenharia, na física e na biologia não há certezas absolutas, há sim probabilidades estatísticas, tanto mais precisas quanto mais bem controlados forem as variáveis presentes. Se isto é verdade para a mundo real objetivo, muito mais verdade será para a comportamento psicológico humano, com todas as suas complexidades e grande número de variáveis não controladas.
Em conclusão. Quem disser que isto ou aquilo vai ou não acontecer com toda a certeza, e quem diz que não se engana, ou quer-nos enganar ou é um idiota, senão imbecil.
Um exemplo disto na vida política portuguesa é acusarem Guterres de ser indeciso, talvez por tentar ponderar todas as variáveis presentes e tentar pensar na melhor solução entre todas as possíveis, mas tentando corrigir quando verificava que não estava certo. Isto é fatal para um político.
No extremo oposto temos o homem dos tabus, aquele pobre reformado que vive em Belém, que dizia que nunca se enganava e raramente tinha dúvidas. Sabem quem é não sabem?
Pois este mesmo senhor diz que fiscalizar a constitucionalidade do orçamento de Estado e este não entrar em vigor em 1 de Janeiro, é muito, muito, muito pior do que usar um orçamento que irá certamente ter inúmeros remendos mais tarde.
Se acontecer como ano passado, o próprio presidente vai colocar dúvidas a muitas das normas deste orçamento. Agora acha que está tudo bem, mas já sabendo que em janeiro vai ter dúvidas.
Em bom e velho português chama-se a isto “Tapar o Sol com uma peneira».
Mal comparado é como dizer a um condutor que pode circular a 200 km/hora numa auto-estrada até que a polícia instale radares nessa mesma auto-estrada no ano seguinte. Durante este tempo, tanto o condutor como a polícia e toda a gente, sabem que aquele automobilista está a colocar em risco a vida dele e dos outros, mas, “não se pode restringir o direito do condutor” …
Neste caso o direito à asneira.
Mas este ASSUNTO não acaba aqui.
Para o orçamento dos Açores foi pedida a fiscalização preventiva, embora o governo regional tenha menor défice do que o continente e a ilha da Madeira (< 0,5 %) e tem também a menor dívida (30 % do PIB, comparado com 130% do continente).
Então onde está a diferença do muito, muito, muito, muito ... pior (pedir a fiscalização do que não pedir)?
Resposta: Nos Açores está um governo socialista.
Palhaço!