Investir em floresta ?
Todos sabemos que a actividade florestal tem um enorme peso na preservação do ambiente, mas não nos podemos esquecer que também se trata de uma actividade económica, como o é a agricultura, e como tal tem que ser rentável para quem faz o seu investimento neste sector. Os técnicos florestais e economistas têm que responder muitas vezes a esta pergunta: "Vale a pena investir na floresta? Que espécies?" A maior parte das vezes faz-se um grande esforço para não dizer ao proprietário: "Tenha juízo e invista mas é noutra coisa qualquer!".
Numa lógica simplesmente económica, nos últimos anos a única resposta que foi dada foi que era mais rentável uma floresta de eucalipto para a produção de pasta para papel, do que uma floresta de carvalhos ou outras Folhosas autóctones de longas rotações.
A resposta à questão da rentabilidade das plantações para a produção de qualidade pode ser dada por evidências do que está a acontecer relativamente a madeiras importadas da Finlândia, Suécia, Canadá e Estados Unidos. Trata-se de espruce, pinho silvestre e carvalho, que estão a ser comercializados em Portugal a preços competitivos e muito boa qualidade para estruturas em madeira, casas pré-fabricadas, pavimentos e mesmo mobiliário. Como conseguem aqueles países produzir madeiras de qualidade em rotações de cerca de 80 anos, que vendem muito longe do local de produção produção, suportando os elevados custos da sua mão de obra e os transportes, ganhando mesmo assim dinheiro? Claro que a esperança de vida nos países do Norte é apenas dois ou três anos superior à nossa, portanto, lá como cá quem planta as novas árvorezinhas nunca vai tirar os proveitos directos do seu trabalho. Como resolvem eles o problema? Organização, conhecimento e investimento em tecnologias adequadas.
Assim, talvez não seja necessário nós em Portugal inventarmos nada, bastaria copiar bem. Parece que o que falta aos portugueses é paciência e organização. Somos muito ansiosos, impacientes, pouco perseverantes, gananciosos talvez.
Quanto aos eucaliptos, também esta espécie pode dar boa madeira, juntando as vantagens de uma rápida produção com uma qualidade dos produtos fabricados. Como se consegue isto? Com conhecimento, investimento, profissionalismo, objectivos bem definidos e planeamento a médio/longo prazo.
José A. Santos