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Da guerra os grandes culpados
Que espalham a dor da terra,
São os menos acusados
Como culpados da guerra.
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À guerra não ligues meia,
Porque alguns grandes da terra,
Vendo a guerra em terra alheia,
Não querem que acabe a guerra.
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António Aleixo
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http://acaciasrubras.no.sapo.pt/biblioteca/poesia/antonio_aleixo/
Como progredir na carreira científica em Portugal
Segundo estatísticas recentes Portugal é um dos países Europeus onde menos se investe em investigação científica. Quando falamos destes números referimo-nos ao investimento financeiro em laboratórios, em caros equipamentos e em número de investigadores. Se isto é verdade, poderemos explicar um certo atraso em médias globais, mas não impede que neste ou naquele domínio não possamos fazer algo de inovador, com valor científico, com interesse para a evolução do conhecimento e da sociedade. Se as leis infalíveis das estatística e das probabilidades também funcionarem em Portugal, de vez em quando aparecerão indivíduos super dotados e com capacidade para fazer algo inovador e útil. Então é preciso criar mecanismos para identificar estes elementos, dar-lhes as condições para desenvolverem as suas capacidades. Uma forma de descobrir quem são as pessoas mais capazes intelectualmente é criar mecanismos de avaliação eficazes.
Tudo começa nas escolas e nas universidades com os sistemas de classificações. Por vezes estes sistemas estão de tal modo errados que quem tem mais elevadas classificações não são os mais inteligentes, mas os que têm melhores condições exteriores, como melhores professores ou explicadores, ou simplesmente se adaptam melhor a um sistema errado de avaliação. Por exemplo, na avaliação do ensino, é muito mais fácil classificar os alunos pela sua memória do que por capacidade de assimilação do conhecimento, ou poder de inovação. Assim, pode começar logo mal a escolha dos futuros cientistas. Podem chegar à carreira académica das Universidades e dos Centros de Investigação indivíduos menos capazes do que seria necessário e desejável, tendo ficado pelo caminho, por falta de oportunidades, ou falta de estímulo, ou vencidos pelo sistema, outros elementos potencialmente com valor. Muitos dos professores e investigadores são bons a aprender e a reproduzir conhecimentos já explorados, mas demonstram dificuldade em partir para novas ideias e explorar outras leis da natureza. Nas universidades e nos centros de investigação, mais uma vez é necessário criar mecanismos de avaliação das actividades, que condicionem a progressão nas carreiras científicas. Nesta fase pode cometer-se o segundo erro fatal. Se os mecanismos de reconhecimento das capacidades individuais, do mérito e do trabalho não forem correctos, podem chegar às funções de chefia e cargos de decisão elementos menos úteis à sociedade e ao desenvolvimento das sociedades e do conhecimento científico. Diga-se que o pior que pode acontecer é ter nas posições cimeiras elementos incompetentes, ambiciosos, egoístas, com falta de carácter e intelectualmente desonestos. Se e quando isto acontece em grau mais ou menos elevado, inicia-se um ciclo vicioso de perpetuação da escolha de outros elementos semelhantes. A incompetência, ou por auto defesa, ou por incapacidade, tem tendência a proteger outra incompetência.
Um mecanismo lógico de avaliação seria o de dar condições para desenvolver trabalhos científicos, de desenvolvimento experimental, e avaliar a criação de equipas, contactos com o mundo exterior, nomeadamente as intervenções em sessões públicas, congressos, cursos, etc.. Como este processo é necessariamente longo e trabalhoso, existe a tentação de alguns por cortar caminho e ir directamente ao objectivo final – fazer apenas currículo. Neste caso, publica-se e divulga-se conhecimento repetitivamente e de baixa qualidade, sem fundamentação científica experimental e em muitos casos sem utilidade prática nem baseada na evolução de conhecimentos teóricos. O único objectivo é o número.
Infelizmente para Portugal, estes factos são uma parte muito representativa da realidade. Um dos exemplos é o chamado “paperismo”, para designar a procura cientificamente inconsequente de publicar “papers”, com a única intenção de engrossar as listas dos currículos. Quem diz “paperismo” pode também dizer “patentismo”, para aqueles que produzem patentes sem qualquer utilidade prática ou interesse científico, apenas por autoconvencimento dos seus autores, ou pior, com má intenção, de acrescentar mais uns pontos ao seu currículo. Felizmente ainda há muita gente séria que faz os seus trabalhos com bases sólidas e de forma generosa. Nada seria mais injusto do que confundir as pessoas de valor e generosas com oportunistas ambiciosos. Os sistemas devem criar mecanismos sensíveis aos dois tipos de atitude. Deve identificar-se e separar-se o que é diferente.
A ciência não pode ser amoral, como não pode ser estéril no sentido de nada contribuir para o desenvolvimento da sociedade. Como as leis da física e da termodinâmica ensinam, todos os sistemas, ou estão em equilíbrio e assim permanecem, ou tendem para um equilíbrio que será atingido mais tarde ou mais cedo. Também na sociedade e na ciência nenhuma situação artificial e não sustentável se aguenta eternamente. Como diz o povo, pode enganar-se uma pessoa todo o tempo, algumas pessoas durante algum tempo, mas não se consegue enganar toda a gente durante todo o tempo.
Mauzinho
Há tantos burros mandando
Em homens de inteligência,
Que às vezes fico pensando
Que a burrice é uma ciência.
António Aleixo
Mais cego do que quem não tem olhos é aquele que não quer ver !
Investir em floresta ?
Todos sabemos que a actividade florestal tem um enorme peso na preservação do ambiente, mas não nos podemos esquecer que também se trata de uma actividade económica, como o é a agricultura, e como tal tem que ser rentável para quem faz o seu investimento neste sector. Os técnicos florestais e economistas têm que responder muitas vezes a esta pergunta: "Vale a pena investir na floresta? Que espécies?" A maior parte das vezes faz-se um grande esforço para não dizer ao proprietário: "Tenha juízo e invista mas é noutra coisa qualquer!".
Numa lógica simplesmente económica, nos últimos anos a única resposta que foi dada foi que era mais rentável uma floresta de eucalipto para a produção de pasta para papel, do que uma floresta de carvalhos ou outras Folhosas autóctones de longas rotações.
A resposta à questão da rentabilidade das plantações para a produção de qualidade pode ser dada por evidências do que está a acontecer relativamente a madeiras importadas da Finlândia, Suécia, Canadá e Estados Unidos. Trata-se de espruce, pinho silvestre e carvalho, que estão a ser comercializados em Portugal a preços competitivos e muito boa qualidade para estruturas em madeira, casas pré-fabricadas, pavimentos e mesmo mobiliário. Como conseguem aqueles países produzir madeiras de qualidade em rotações de cerca de 80 anos, que vendem muito longe do local de produção produção, suportando os elevados custos da sua mão de obra e os transportes, ganhando mesmo assim dinheiro? Claro que a esperança de vida nos países do Norte é apenas dois ou três anos superior à nossa, portanto, lá como cá quem planta as novas árvorezinhas nunca vai tirar os proveitos directos do seu trabalho. Como resolvem eles o problema? Organização, conhecimento e investimento em tecnologias adequadas.
Assim, talvez não seja necessário nós em Portugal inventarmos nada, bastaria copiar bem. Parece que o que falta aos portugueses é paciência e organização. Somos muito ansiosos, impacientes, pouco perseverantes, gananciosos talvez.
Quanto aos eucaliptos, também esta espécie pode dar boa madeira, juntando as vantagens de uma rápida produção com uma qualidade dos produtos fabricados. Como se consegue isto? Com conhecimento, investimento, profissionalismo, objectivos bem definidos e planeamento a médio/longo prazo.
José A. Santos
“Honra e glória à Árvore, sublime exemplo
de inteira dedicação, de dádiva plena e
infinda generosidade ”
Albino de Carvalho
Colonialismo negro !