Domingo, 24 de Junho de 2007

Portugal dos pequeninos.

   Muita gente acha que não é necessário construir um novo aeroporto para a região de Lisboa porque acham que o futuro são os voos "low-cost ".

   Pois é, mas no futuro não muito distante, os voos "low-cost " são com aviões do tamanho do Airbus A 380 e outros que virão a seguir. Estes grandes aviões não aterram na Portela, nem no Montijo, nem em Alverca, nem em Sintra, nem em Tires, porque as pistas não têm comprimento ou estão nos limites, mas também porque não se conseguem movimentar em terra.

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 Clicar para aumentar. Vale a pena ver em grande.

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      Portanto, quando formos a Madrid num voo "low-cost " pode bem acontecer a situação que mostro a seguir.  Nós vamos no avião da frente, com um autocolante no vidro traseiro para o monstro ver  ->                                                                    Sou lento mas vou à tua frente.

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    O Airbus A 380 tem uma capacidade de combustível de 310 toneladas e o peso total à descolagem é de 560 toneladas na versão de passageiros (versão carga é mais), necessitando de uma pista de 2,9 km para levantar. Utilizando as comparações dos professores do Técnico (IST), o peso do avião sem combustível é equivalente a cerca de 25 000 bicicletas, que colocadas roda com roda, davam quase uma volta e meia ao planeta Terra (perímetro de 37 500 km).

    Esta semana não há tempo para mais, só este bocadinho de demagogia com um pouco de verdade à mistura.

JAS

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Domingo, 17 de Junho de 2007

Angola e os portugueses

   Muitas vezes pergunta-se a razão de os portugueses que passaram, viveram, ou nasceram em África, nunca mais esquecem os tempos que lá estiveram. Uns dirão que os portugueses que estiveram em Angola e Moçambique foram os colonialistas exploradores das populações negras e por isso é que se sentiam bem. Não é verdade, pelo menos para as gerações a partir de 1950, os europeus que andaram nas escolas e liceus tinham amigos e conviviam com os colegas de origem africana de igual para igual. A provar está a elevadíssima mestiçagem, nada igualada nas colónias francesas e inglesas.

   Os portugueses gostaram de Angola muito antes de se ter descoberto petróleo, ferro e ouro. Havia já pelos anos 50 uma importante exploração de diamantes em zonas concessionadas pelo Estado português, além da riqueza agrícola, especialmente o café, o açúcar e o milho. No entanto, a maior riqueza de Angola para as pessoas de classe média que lá viviam, era um estilo de vida optimista e descontraído, com muita esperança num futuro melhor. A população europeia era em geral constituída por gente jovem, portanto com uma visão de progresso. Não se falava em desemprego, todos os negócios eram rentáveis para quem quisesse e soubesse trabalhar. Angola tinha e tem uma beleza natural extremamente rica. Paisagens incríveis, diversidade biológica animal quase intocada, um clima ameno e agradável todo o ano, muito espaço livre, uma agricultura produtiva, além dos horizontes largos e os mais belos pôr do Sol do Mundo.  As cidades construídas eram de avenidas largas, com jardins, com árvores, com ar.

   O regime de Salazar teve medo que Angola se tornasse num novo Brasil independente, pelo que até certa altura tudo fez para limitar o desenvolvimento económico. Até 1950 as portugueses que iam para Angola, ou eram os condenados ao degredo, tinham de ter uma “carta de chamada” necessariamente pelas autoridades. Ainda em 1950 os portugueses brancos que nasciam em Angola eram chamados “portugueses de segunda”, pelo motivo de ficarem diminuídos os seus direitos cívicos (cargos de administração, políticos, etc.), por suspeita que essas pessoas pudessem estar na origem de ambições independentistas em relação à mãe pátria, o que na realidade acontecia (todos os nascidos em Angola, de todas as raças, queriam a, ou uma certa independência).

    Os portugueses que foram para África não foram mais exploradores do que os que imigraram para França, para a Alemanha, para o Brasil ou Canadá. Apenas queriam trabalhar e governar a sua vida. Muitos investiram em África tudo ou quase tudo o que ganharam, portanto, se alguém beneficiou economicamente com a presença em África foram alguns poucos capitalistas e o governo nacional (os primeiros acumularam propriedades e o segundo acumulou ouro), mas sobretudo os próprios países. Em 1974 Portugal tinha uma das maiores reservas de ouro do Mundo relativamente à dimensão da sua população.

   Angola tem uma superfície 14 vezes maior do que Portugal continental (com fronteiras definidas e defendidas por Portugal), tem uma população praticamente igual à portuguesa, o que quer dizer, um território riquíssimo com uma população escassa. Podia ser o país mais rico e ode se vivia melhor do Mundo.

    Deixo algumas fotos das belezas naturais de Angola para confirmarem algo do que afirmei anteriormente no que se refere às ligações sentimentais que ligam os portugueses às áfricas .

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Luanda, uma cidade Europeia em África.

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Vista aérea das antigamente chamas quedas de água do Duque de Bragança.

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Fenda da Tundavala no Sul de Angola. Mais de 1000 metros de desnível.

Cortesia: Pinto Jorge.

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Estrada da Leba, feita pelos portugueses para ligar o Lubango (antiga Sá da Bandeira) com Moçâmedes.                                   Cortesia: Pinto Jorge.

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Escolha de diamantes por tamanhos e qualidade. Uma  fortuna sobre esta mesa.

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Parque da Quiçama , cerca de 100 km ao Sul de Luanda, em 1972.

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Quando não havia ponte passava-se o rio de jangada. E ninguém tinha pressa.

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Restinga do Lobito. Se viver aqui não era o paraíso o que é?

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Parados à sombra (pouca) de um imbondeiro .

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Aldeia da população local. Estilo de vida tradicional em África, com pouco ou nenhum impacte ambiental. Uma lição para os europeus!

publicado por Eu mesmo às 17:16

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Sábado, 9 de Junho de 2007

Fractais

 

    Os fractais são figuras geométricas que o nosso cérebro identifica e individualiza sem dificuldade, mas que na realidade constituem formas irregulares, sem contorno bem definido, sem possibilidade de medição do seu perímetro, do seu volume, da sua forma. O mais curioso é que os fractais da biologia (forma animal ou vegetal), embora perfeitamente identificados na classificação científica, não correspondem a nenhum elemento em particular e não há dois elementos iguais entre milhões de exemplares. As nuvens, as galáxias, as árvores, os sistema circulatório do corpo humano, o contorno dos continentes e das ilhas, etc. Os matemáticos tentaram construir modelos que reproduzissem os fractais da natureza, mas o que conseguiram foi construir os seus próprios fractais, já que por definição não há dois fractais iguais. A costa de uma ilha é uma figura fractal do ponto de vista geométrico, pois a medida de seu contorno numa determinada escala, é muito menor do que outra que mostre cada grão de areia de cada praia, e assim sucessivamente. 
     O contorno de um fractal não é fisicamente coerente e pode ser infinitamente longo, com uma superfície infinita, e muitos casos com espessura nula. Portanto, não são linhas, não são volumes, não têm comprimento definido, nem tão pouco uma superfície! A estas estruturas, cuja classificação cai "entre" a linha e a superfície, ou entre uma superfície e um sólido (e assim por diante), os matemáticos atribuem uma dimensão não inteira, mas fraccionária (fractal). Além do mais podemos observar nestas estruturas duas propriedades fortemente relacionadas e características dos fractais : - Auto-similaridade: em cada pequeno pedaço delas podemos observar a forma geral do todo.

 

    O extraordinário dos fractais é a possibilidade de ilustrarem o infinito! Isto significa que, cada instante de nossa vida, cada mínima fracção de instante, incorpora o infinito e novamente se estende nele. O que é tão difícil de ser concebido e imaginado pode ser ilustrado visualmente pelas imagens de fractais.   

    Para terminar os elementos finitos para cálculo matemático constituem uma aproximação aos fractais quando o número de nós se aproximar dos grandes números. Seguem-se várias figuras exemplos de fractais.

Figura fractal produzida ao computador:

Figura fractal da natureza, uma galáxia.


Figura fractal - a copa de uma árvore, um jacarandá.

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                                                                         Foto: J.A.Santos

Fractais da natureza, uma azinheira entre muitas aparentemente iguais mas todas  diferentes, num montado no Alentejo, perto de Elvas.

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                                                                         Foto: J.A.Santos

Mais um fractal da natureza, uma nuvem.
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                                                                                  Foto: J.A.Santos

Ninguém teve dificuldade em identificar nenhuma destas figuras fractais naturais, pois não? No entanto nunca vimos nenhuma perfeitamente igual, não têm contornos definidos e não se podem medir.

A modelação por elementos finitos são quase fractais? Mas não são porque são finitos.

Procurem "fractais" nas imagens do Google, ou em páginas internet. Há imagens maravilhosas.

publicado por Eu mesmo às 01:17

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Segunda-feira, 4 de Junho de 2007

Ota - argumentos ao contrário

    Diz Paulo Portas que um dos grandes problemas da Ota é o das linhas eléctricas de alta tensão que têm de mudar de sítio para a instalação do novo aeroporto. Engano, não há local com mais linhas eléctricas de alta tensão por km2 do que na península de Setúbal, vindas das centrais de Setúbal e de Sines.
Ver exemplo na foto abaixo, com Palmela ao fundo.

    Outro problema apontado à Ota é o da Serra de Montejunto, cujo ponto mais alto é de 666 m e está a mais de 10 km da Ota. A maior parte do aviões, quando saem dos terrenos dos aeroportos já voam a uma altitude superior a esta.
    Também no Poceirão há colinas não muito longe. Veja-se a foto abaixo com Palmela ao fundo sobre uma alta colina.

    Foto do actual aeroporta da Ota, visto de Sul para Norte - um verdadeiro deserto verde.
    Vamos ver o que acontece nos próximos tempos, mas uma certeza podemos já ter, a discussão sobre a Ota tem-se feito mais com o coração e com simpatias políticas do que com as verdadeiras razões.
     Outros argumentos imbecis de parte a parte:

    Dr. João Soares: "Não é preciso um novo aeroporto porque a Portela tem duas pistas e só uma é que é utilizada".  Ora as duas pistas são cruzadas.
   Dr. Almeida Santos:
"O acesso a um aeroporto na margem Sul pode ficar bloqueado por um atentado terrorista numa das pontes".
    Engº Mário Lino: "O novo aeroporto não pode ser na margem Sul porque nesta região não há hospitais, não há gente, não há nada."
     Comparar um aeroporto com estádios de futebol.
     Drº Marques Mendes: "A Ota não serve Lisboa, não serve o turismo ! ". E então a região centro? Leiria, Santarém, Fátima, Tomar, Óbidos, Nazaré, Peniche, etc., também não são Portugal e não merecem ser desenvolvidas?
publicado por Eu mesmo às 00:50

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