Todos os economistas nos conseguiram convencer de que Portugal tem de sofrer medidas de austeridade severas para equilibrar as contas. Mesmo quem pouco sabe de macro economia percebe que Portugal tem pedido dinheiro ao estrangeiro, a juros cada vez mais elevados e isto não pode ser uma coisa boa, nem se pode manter indefinidamente.
A questão mais controversa é identificar as causas de tudo isto e atribuir as responsabilidades a algum governo ou a algum Primeiro-ministro.
Entre outras medidas o governo PS cortou, em média, 5 % nos salários dos funcionários públicos e aumentou o IVA (1).
Quanto às culpas não é preciso matar mais a cabeça, são todas de Sócrates.
Quanto às medidas, o PSD acha tudo mal, se fossem eles a governar não mexiam nos impostos e preferiam acabar a maior parte dos serviços públicos como os hospitais, as escolas, quem sabe algumas Universidades e Laboratórios do Estado, etc. Para muitos dos cerca de 700 000 trabalhadores do Estado trocava-se uma redução de 5% a 10 % por uma situação de desemprego. Claro que alguns teriam lugar em empresas privadas criadas à custa da extinção dos serviços públicos. Outros ficariam a receber reformas ou indemnizações e nada fazer. Passos Coelho tem uma outra solução, acabar com os serviços públicos, por exemplo ensino e da saúde, e dar o dinheiro que se gastava com eles a empresas privadas. Claro que é uma solução de preguiçoso e de quem não tem ideias. Em vez de matar a cabeça a pensar em soluções para melhorar o Estado optava por deitar dinheiro em cima dos problemas e esperar que alguém os resolva.
Demagogia não falta por todos os lados.
Marques Mendes concretiza melhor e fala em acabar com institutos do Estado. Tudo o que não dá lucro extingue-se. Em muitas Universidades e Institutos do Estado realizam-se estudos, fazem-se ensaios, escrevem-se livros, preparam-se apresentações a congressos, elaboram-se normas técnicas e regulamentos, fazem-se inspecções, cria-se e transmite-se conhecimento, etc., tudo coisas a que não se pode atribuir uma valor monetário concreto. Na opinião daqueles senhores extingue-se tudo. Sempre a solução mais fácil.
Depois, quando a crise passar e as empresas estrangeiras ou nacionais quiserem reinstalar-se os portugueses só sabem carregar paletes, fazer segurança nos centros comerciais e à porta das empresas, ou servir cafés e bebidas ao balcão de qualquer estabelecimento. Para os trabalhos de responsabilidade virão os Checos, os Ingleses e os Alemães. Voltávamos ao país da “piolheira” como era no final da monarquia, segundo as exactas palavras do nosso rei D. Carlos.
Entretanto alguns espertos, como o Dr. Marques Mendes e Marcelos, comandam a massa bruta a partir das suas duplas e triplas reformas, acumuladas com novos cargos políticos, vivendo em moradias de luxo nas encostas de Caxias, ou na Quinta da Marinha em Cascais, com vistas para o mar em zonas onde mais ninguém é autorizado a construir?
É tão fácil dar palpites!
Nota (1) - Teixeira dos Santos disse: - O Governo não quer aumentar o IVA por qualquer capricho, ou para pôr o PSD mal disposto, mas para termos receita necessária no sentido de se obter o objectivo orçamental" e assim diminuir os juros dos empréstimos de que Portugal necessita.