Sábado, 6 de Novembro de 2010

Face oculta

Neste caso parece-me que a face mais oculta é a dos Srs Procuradores (de Aveiro), ou a de quem eles querem agradar.

No documento da acusação o Sr. Juiz faz abusivas afirmações de julgamento sobre o que as pessoas pensavam e sobre as suas intenções, não apresentando provas ou melhor justificação para o que diz. No próprio documento de acusação é detalhadamente relatado um continuado conflito de arguidos com a empresa de Manuel Godinho. Então como se explica nestes casos que a intenção fosse beneficiar Godinho? Por exemplo, os factos que são a favor dos arguidos e constituem prova da sua inocência, são interpretados como para esconder as irregularidades: “… visando dar aparência formalmente legal …”; “… objectivo de conservar formalmente impoluto o procedimento …”; etc., são mesmo estas as palavras do Sr. Juiz.

Para os que não têm acesso ao relatório de acusação vou explicar com um exemplo simples o que se poderia passar com um trabalhador de uma empresa pública.

Suponham que um trabalhador do Estado quer comprar um produto e vai a duas lojas diferentes. Numa loja com melhor aspecto e que o comprador já conhece, o produto é mais caro do que numa loja nova num vão de escada. Então o trabalhador volta à loja do produto mais caro e regateia o peço, argumentando que encontrou mais barato noutra loja. O vendedor faz então um grande desconto e o produto é comprado. Vem então um procurador do Ministério Público e acusa o trabalhador de lesar o Estado na totalidade do valor da compra (atenção – não na diferença de preços). Quando o trabalhador diz que tentou comprar o produto de aparente melhor qualidade, e que discutiu o preço conseguindo-o mais barato do que inicialmente proposto, o Sr. Procurador acusa-o de ter discutido preço apenas para dar a aparência de legalidade, porque na verdade queria beneficiar a loja do produto mais caro.

Conclusões

  1. O julgamento de certos juízes é feito por convicção e não por evidência objectiva dos factos, ou seja, para os mesmos factos, um juiz pode condenar e outro pode absolver. A justiça passa agora a funcionar como um totoloto (se não for pior e tiver a ver com simpatias políticas).
  2. A partir de agora nenhum trabalhador do Estado (mesmo o mais sério) pode dormir descansado. Se faz uma compra de um rolo de papel, pode um juiz condená-lo porque havia na loja do Chinês em Barcelos um rolo de papel parecido mais barato.
  3. O que está escrito na lei é que todas as pessoas são sérias até se provar que cometeram algum crime, mas para os juízes do nosso Ministério Público todos os portugueses são vigaristas e terão de provar que são sérios. Quando provam que são sérios um Sr. Juiz agrava a suspeita, dizendo que foi sério para dar formalmente um ar de inocência.

 

Nota: Independentemente do Godinho ser ou não ser um vigarista a sua empresa era certificada pela consultora internacional SGS e fornecedora autorizada em muitas e boas empresas públicas e privadas. Como podiam à altura os trabalhadores saber que Godinho não era pessoa séria?

Neste linchamento público ficam felizes os juízes porque apresentam trabalho, ficam felizes os jornalistas incompetentes porque vendem jornais com pouco trabalho, ficam felizes os políticos da oposição porque envolvem alguém próximo do partido do governo, fica feliz muita opinião pública porque pensam ter encontrado os culpados para as suas dificuldades, ficam bem tramados alguns inocentes.

publicado por Eu mesmo às 22:34

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