No passado dia 6 de Novembro de 2010, uma multidão de manifestantes convocados pela Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública desfilou em Lisboa, entre o Marquês de Pombal e os Restauradores, em protesto contra os cortes salariais e outras medidas de austeridade anunciadas pelo Governo e apoiadas pelo principal partido da oposição. E que multidão foi essa? 100.000 pessoas, disseram os organizadores, e repetiu grande parte da comunicação social.
Desta vez não se conheceram estimativas da polícia. Em contrapartida, uma equipa dirigida por Steve Doig, professor de jornalismo norte-americano da Universidade do Arizona, com currículo estabelecido em técnicas de contagem de multidões e presentemente a leccionar um mestrado de jornalismo na Universidade Nova de Lisboa, saiu para o terreno para fazer o que nenhum jornal fizera antes: contar os manifestantes. Não mobilizou para isso grandes meios: alguns dos seus alunos fizeram contagens ao longo do percurso da marcha, algumas fotografias foram feitas a partir de um ponto elevado na zona dos Restauradores e foi medido o espaço em que decorreu o comício final. Resultado: uma estimativa de 8.000 a 10.000 participantes no desfile
Nem era preciso vir um professor dos Estados Unidos. Basta uma simples calculadora de um telemóvel ou até uma conta de cabeça. Se num comício uma pessoa ocupa pouco menos do que 1m2. Se for uma manifestação em marcha o espaço entre pessoa é ainda muito maior.
Então, se a Avenida da Liberdade ficasse cheia, teríamos um comprimento de 500 metros com 50 metros de largura. Isto dá 25 000 m2, ou seja, 25 000 pessoas no máximo.
Como podemos ser facilmente enganados!
Nota: Partes do texto basedas em post do Câmara Corporativa.