Não tenho nenhum preconceito contra os juízes, mas na realidade vejo que têm um poder imenso com decisão sobre a liberdade, dignidade e bom nome de todos nós. O problema é que alguns juízes não merecem todo o poder que têm.
Os juízes são, ou deviam ser, bem preparados para julgar de forma imparcial, responsável, e não condicionada por nenhuma pressão, simpatia ou antipatia.
A mim parece-me cada vez mais evidente que alguns juízes julgam a vida dos outros com demasiada ligeireza. Tirar a liberdade ou o bom nome de alguém é como beber um copo de água. Se o caso for mediático e a opinião pública tiver uma convicção formada, e se esta for errada, muitos juízes não têm coragem de decidir com imparcialidade e verdade. Se suspeitarem que vão ser criticados acobardam-se e fazem o jeito à opinião dominante, mesmo quando as provas concretas vão em sentido contrário.
O sistema é perverso e só os juízes o podem corrigir.
Alguns casos recentes são bons exemplos e confirmação desta teoria. Tudo pode começar com uma suspeita de crime levantada pela comunicação social, envolvendo figuras públicas, de preferência do partido do governo. Os procuradores permitem uma investigação da polícia a tudo e mais alguma coisa, prisão preventiva para alguns, escutas telefónicas, buscas, etc. Os investigadores querem mostrar serviço portanto fazem um relatório o mais romanceado possível e utilizando a sua imaginação fértil.
O primeiro juiz, para não ter trabalho a ler tudo o que a polícia escreveu, assina por baixo a acusação. Para ele, concordar com tudo é o caminho mais fácil. Depois vem o juiz de instrução. Houve os acusados, mas também acha que será mais confortável não dar muita atenção aos argumentos das defesas e manda tudo para julgamento.
Entretanto vai-se fazendo o julgamento público na comunicação social.
O Julgamento demora meses ou anos. Aqui a condenação ou absolvição são um pouco mais ponderadas porque entretanto a comunicação social esqueceu o assunto e deixa de haver pressões públicas.
Agora imaginem que alguém é apanhado injustamente numa teia destas. Um inocente que teve o azar de ter caído na má graça de um qualquer investigador incompetente.
Até que se sinta livre tem a vida estragada por anos de suspeita e condenação pública.
É isto que me preocupa e aborrece – tudo pode começar num mal preparado e irresponsável investigador da polícia e a partir daí a máquina trituradora e sem rosto da justiça vai trucidando culpados e inocentes na mesma amálgama.
Só juízes com coragem, inteligentes e responsáveis poderiam mudar isto – mas não querem ou não sabem.
Estamos à mercê dos piores, de um qualquer jovem investigador imaturo ou imbecil. Isto é que é a realidade hoje!