Os políticos corruptos, os incompetentes, os homens e as mulheres que estão na política por não saberem fazer rigorosamente mais nada, os que olham para a actividade política não como uma forma de contribuírem para o bem geral mas apenas para prosseguirem os seus próprios interesses, devem estar felicíssimos com as movimentações mais ou menos organizadas contra a classe política.
Nada como uma generalização imbecil sobre as qualidades dos políticos para pôr no mesmo saco os tais corruptos e incompetentes e a esmagadora maioria dos que prestam um serviço à comunidade com as melhores intenções.
Com esta conduta desiste-se de procurar os que efectivamente roubam, os que causam danos sérios à comunidade, para se celebrar a verdade das caixas de comentários dos jornais e blogues, dos miseráveis que intrigam e insultam sob a cobarde capa do anonimato ou dos falsos moralistas que, mesmo assinando as suas opiniões nos media, se acham no direito de acusar tudo e todos sem por um momento pensarem que há uma fronteira entre a opinião e a pura calúnia. Glorificam-se iniciativas populistas e demagógicas como a da "petição contra o enriquecimento ilícito" do Correio da Manhã que mais não é que propor a inversão do ónus da prova, princípio sagrado do Estado de direito, e lançar uma suspeição generalizada contra os políticos.
Ver que há políticos a subscrever esta obscenidade em forma de petição diz muito sobre como alguns dos nossos responsáveis pela coisa pública têm ajudado nestas campanhas contra a democracia.
Muito mais do que a actividade corrente dos políticos, tem sido este tipo de colaboracionismo que tem ajudado a criar um clima antipolíticos e política.