A maior parte da opinião pública, os jornalistas e muitos dos profissionais da justiça (polícia de investigação, procuradores, juízes), ainda não perceberam o que é a justiça. Julgar alguém é o acto mais difícil e responsável que existe nas relações entre os homens. Só se deve condenar alguém quando não houver a mínima dúvida de que foi culpado do que o acusam. O princípio de que mais vale deixar um criminoso à solta do que condenar um inocente é o princípio mais importante e que nunca pode deixar de ser seguido.
Um polícia que se convence que alguém é culpado, mas não encontra provas, comete a maior das injustiças quando inventa as provas, quando obriga com violência física ou psicológica a uma confissão. Um juiz de acusação do ministério público comete a maior das injustiças quando aceita e ainda defende sem critério, um mau trabalho dos investigadores e envia inocentes para julgamento. Um juiz torna-se num ser abominável quando condena alguém por convicção, por pressão da opinião pública ou por simpatias políticas.
É tudo isto que está a acontecer com demasiada frequência em Portugal. É mau demais.
Super juízes misturam vigaristas com pessoas sérias, num incrível benefício para os criminosos que assim se escondem e defendem melhor das suas acusações. Etc., etc.
No meio de tanta incompetência da investigação, cobardia dos juízes e irresponsabilidade da comunicação social, sempre vão surgindo alguns ténues, muito ténues, sinais de que o Mundo ainda não está completamente perdido:
"Caso Leonor Cipriano: Tribunal da Relação confirma condenação dos dois inspetores da PJ"
18 de Março de 2011, 19:58
http://noticias.sapo.pt/info/artigo/1137901.html
16.03.2011
"Há arguidos "a mais" no processo Face Oculta, diz Godinho à Rádio Renascença"
4-03-2011. Estão acusadas pessoas com quem Godinho nunca falou, que não conhecia e que com ele tiveram conflitos.
"Apito Dourado - Prova "desastrosa" diz relação"
http://campusdajusticajg.blogspot.com/2011/01/apito-dourado-prova-desastrosa-diz.html
Num acórdão de 272 páginas, os juízes-desembargadores absolveram todos os arguidos, por unanimidade não deixaram de citicar severamente o Ministério Público, considerando mesmo a prova do Ministério Púbico "desastrosa". Logo na instrução, a defesa dos arguidos alegou isso mesmo, mas o juiz Carlos Alexandre, que presidiu então às diligências, manteve a acusação e decidiu na ocasião mandar para julgamento todos os arguidos.