Não vou escrever muito porque as pessoas se aborrecem de ler textos longos.
O pagamento das reformas está baseado numa lógica de seguro. Devem pagar todos para alguns beneficiarem. Pagam porque na altura do pagamento não se sabe quem vai precisar de beneficiar. Muitos morrem mais cedo, antes de terem direito a receber a sua reforma. Quando se ouvem os políticos, parece quererem dizer que todos vão receber sem excepção as suas reformas até uma idade limite, igual para todos, que é a chamada esperança de vida, e que esse recebimento é uma regalia indevida. Outro aspecto que parece esquecido é que quando as pessoas morrem não levam o dinheiro para debaixo da terra (ou para o céu). Tudo cá fica, ou para o Estado, ou para os bancos, ou para os descendentes.
Portanto as reformas têm de ser calculadas para os que sobreviverem mais alguns anos tenham algum desafogo. Quem aceita a regra do jogo faz os descontos. Tirar esta direito a quem descontou dezenas de anos é o mesmo que um assalto. Atenção que eu disse que têm direito quem descontou a sério. Não é o caso dos políticos que ao fim de poucos anos têm direito a boas reformas e continuam a trabalhar e depois recebem uma, duas ou três reformas.
Um exemplo:
Três amigos resolvem fazer um acordo. Todos os meses colocam cada um 5 Euros numa conta bancária. O dinheiro fica para o que morrer mais tarde. Ao fim de 35 anos existe um valor acumulado de 5x3x12x35=6300 Euros. Param de fazer o desconto e esperam até morrerem dois, só então o terceiro recebe o dinheiro. Se dois morrerem antes de fazerem os 35 anos de poupança o terceiro recebe logo o dinheiro. Num sistema destes quem morre primeiro não reclama o seu dinheiro ir todo para outro, pois está morto mão fala, nem pode gastar o dinheiro, portanto o sistema é perfeito. Um problema é todos viverem muito tempo e demorarem tempo demasiado a receber o dinheiro numa altura m que já lhes pode fazer falta. Mas para corrigir isto temos as probabilidades. Nunca vivem todos os mesmos anos. Também pela estatística se pode calcular os anos até que se devem fazer descontos. Na verdade, estamos a chegar a uma engrenagem parecida com a que existe, a diferença está no “oportunismo de alguns” que se metem no sistema para beneficiar dele indevidamente, ou dos políticos que vêm no dinheiro acumulado uma fonte de dinheiro fácil.
Isto foi uma brincadeira com 5 Euros, mas na realidade grande parte das pessoas descontaram todos os meses durante 40 anos valores que agora andam pelos 200, 300, 400 Euros ou mais por mês. Só os bancários tinham acumulados cerca de 6 mil milhões de Euros que o Estado foi buscar. http://www.portugal.gov.pt/pt/GC19/Noticias/Pages/20111202_Not_CM.aspx
Conclusão
O pagamento de reformas justas não é um favor, é um direito, é o cumprimento de um contrato.
Reformas acumuladas são uma burla. Privar as pessoas de reforma é um roubo.