No interessante programa “Conversas Improváveis” da SIC, no sábado às 23 horas, Miguel de Sousa Tavares perguntou a Francisco Louçã porque razão tinha votado ao lado da direita contra o PEC IV, sabendo que isso levaria ao derrube do governo de Sócrates e que depois viria certamente um governo de direita que iria certamente continuar e agravar as medidas do PEC IV, como aliás se veio a confirmar.
Francisco Louçã disse que estava preparado para a pergunta porque já tinha sido feita em artigos de Miguel Sousa Tavares. Mesmo assim a resposta foi de fraca consistência. Disse Louçã mais ou menos isto “… por uma razão de coerência não podia votar a favor de medidas que agravariam as condições de trabalho dos portugueses, que prometia privatizações, que anunciava descidas de salários, etc., …”. Compreende-se que Louçã não queria ficar como salvador do PS, mas também tem razão Sousa Tavares ao afirmar que Louçã não é um “parvinho” e sabia que viria pior do que o que estava. Neste caso o interesse político superou o pragmatismo e quiçá o interesse dos portugueses (1). Se por um lado o PS já não tinha grandes soluções e já estava muito enfraquecido, por outro lado sabia-se que tinha o apoio da Srª Merkel e doutros países Europeus. Teria sido melhor? Teria sido pior? Ninguém pode ter a certeza.
O que ganhou Louçã em troca da sua "coerência"? Pouco ou nada! Perdeu metade dos deputados que tinha na legislatura anterior e aprofundou inimizades internas que nunca mais serão curadas.
Que este governo chegou lá pela mentira, pela demagogia, pela intriga política, com a ajuda do jornalismo de sarjeta e ainda com um grande apoio do sistema de justiça, isso já ninguém tem dúvidas.
Agora que nos vimos livres de Sócrates e de Vara o que ficou? Ficaram os Relvas, os Borges, os Catrogas, os Graças Mouras, os Joãos Duques, os Marcos Antónios, os Álvaros, os Vítores, as Cristas, mais o Menezinho Chafurda e tantos outros, tudo grandes competências iluminadas.
Então estamos bem.
Obrigado a todos (incluo antigos e os modernos salvadores da pátria).
Nota: http://sicnoticias.sapo.pt/#
Escolher --» Programas --»» Conversas Improváveis
(1) Recordo aos mais novos que Álvaro Cunhal (antigo secretário geral do Partido Comunista), votou uma vez em Mário Soares, dizendo que ia engolir um sapo. Pediu aos militantes para taparem os olhos com a mão no momento de colocar a cruzinha em Mário Soares. É que do outro lado estava Freitas do Amaral do CDS, que para ele era um mal maior.