A propósito do que já tinha dito antes sobre a medalha de prata no salto em comprimento atribuído a Patrícia Mamona pelo salto em comprimento de 14 centímetros, já só os inocentes acreditam nos números dos jornalistas.
Ouvi uma vez que a distância da Terra à Lua era de 30 000 km, quando na verdade são entre 350 000 e os 400 000 km. É só a diferença de um zero, mas não é a mesma coisa. Um automóvel com 300 000 km não é o mesmo quando tinha 30 000 km. Um pouco de cultura e atenção permitem não cometer estes erros básicos, tal como tão frequente confundirem quilómetros com milhas, libras com quilogramas, graus Célsius com graus Fahrenheit, etc., entre outros erros tão ou mais ridículos.
Quanto ao exemplo da distância planetária há registos desde o tempo da civilização Grega (dizem que pode ter sido antes - dos Egípcios) em que já se sabia que o diâmetro da Terra andava à volta de 12 000 km. Há mais de 2000 anos já se podia chegar à ideia que a distância da Terra à Lua não poderia estar na casa das dezenas de milhar de quilómetros, mas nunca menos das centenas de milhar. Se fossem os 30 000 km, que o locutor de televisão que eu ouvi, referiu, seriam duas vezes e meia o diâmetro da Terra, ou seja, a Lua estava praticamente em cima das nossas cabeças. Na verdade, e felizmente para nós humanos e todos os bichos das florestas e dos oceanos, a distância da Terra à Lua anda à volta de 30 vezes o diâmetro da Terra.
Os jornalistas não têm de ser técnicos, não têm de ser juízes, não têm de ser economistas, nem têm de ser médicos ou engenheiros. O que se exige dos jornalistas é terem a melhor cultura geral possível, terem bom senso, estudarem os assuntos, informarem-se junto de quem sabe mais.
O exemplo dos números é uma forma de confirmar, com uma evidência confirmável por todos, o que vou dizer a seguir. Se a responsabilidade de alguns jornalistas, ou falta dela, é tão fraca para números, o que se dirá quando falam de assuntos complexos como os números da economia global, dos complexos casos da justiça, da avaliação dos políticos, etc., adivinha-se que será um desastre. Pouco se pode acreditar no que noticiam certos jornais e no que divulgam certos jornalistas.
Dizer umas larachas, contar umas histórias, entrevistar uns Marcelos e outras pequenas banalidades está ao alcance de muitos, mas isto não é ser jornalista.
Infelizmente para todos, o mau jornalismo parece estar a expulsar o bom jornalismo, vejam-se as Manuelas Mouras Guedes, os Mários Crespos, as Felícias Cabritas, etc., que andam por aí a espalhar a sua ignorância e desinformação aos portugueses. O que mais me entristece é que parece que o “povo” gosta de ser mal informado. Quais são os jornais que têm maior saída? São os Correios da Manhã, os Sóis, etc. Qual é a televisão que tem mais audiência? É a TVI e os canais de telenovelas e de inutilidades.
Pelo que se vai vendo, não foi só Sócrates nem Salazar nem Cavaco Silva, nem os maus procuradores da justiça, que ajudaram a desgraçar este país. O povo gosta, portanto não há nada a fazer. Quem está mal muda-se diz o mesmo povo. Foi precisamente isto que foi acontecendo ao longo de séculos. Os portugueses mais inconformados foram para a Índia, para o Brasil, para África, para o Norte da Europa, para os Estados Unidos, ficando cá maioritariamente os velhos do Restelo, os bem instalados de boas famílias, servidos a troco de umas côdeas pelos mais desanimados.
E o presente? Agora os incompetentes tipo Passos Coelhos & Companhia Lda., sentem-se incomodados com a falta de soluções que têm a dar às novas gerações, então, para arranjarem lugar para si próprios e para seus filhinhos, dizem aos filhos dos outros, aos professores e aos licenciados bem preparados, para irem para fora, para emigrarem.
Conclusão
Era bom estes políticos dizerem para os maus jornalistas se irem também embora. Este era um bom serviço que faziam às novas gerações. A formação e a informação são a chave de ouro para um futuro melhor.
Ser bom jornalista não é para todos. O mau jornalismo dá menos trabalho, mais lucro, e além disto, facilita e serve a má política que depois retribui com bons empregos e outras simpatias.
Nota: Não há bons jornalistas? Não dou exemplos?
Dou sim! No programa da SIC - O Eixo do Mal, temos bons exemplos de jornalismo livre e inteligente, de pessoas que conseguem ter uma opinião crítica e independente, mesmo não escondendo as suas preferências e simpatias políticas (nem o barulho exagerado que por vezes fazem). É o caso de Clara Ferreira Alves, Daniel Oliveira e Pedro Marques Lopes. Também na Quadratura do Círculo temos bons opinadores, assim como a surpreendente Constança Cunha e Sá na TVI e mais uns poucos Ricardos Costas. Mas não deixam de ser umas ilhas no oceano.