Domingo, 23 de Março de 2014

A comparação da economia de um país com a de uma família

O nosso comentador político/económico, o bem conhecido “masca pevides” usa muitas vezes a comparação entre uma dona de casa e um ministro da economia de um país.

Uma dona de casa não pode ir à praça e gastar mais do que o dinheiro que traz na carteira. Caso contrário fica com dívidas na mercearia, que vai ter de pagar no dia seguinte com as despesas desse próprio dia. Não resolvendo o seu problema fica cada vez mais endividada, mas o merceeiro vai-lhe fiando porque sabe que ela tem uma casa e um carro. Tudo verdade.

Para resolver esta crise a longo prazo há duas estratégias:

Estratégia 1 - Tentar ir pagando a dívida a pouco e pouco e gastar o menos possível. Na verdade percebe que o mais acertado seria encontrar um emprego mais bem pago, mas para tal teria de ter mais habilitações e competências, o que já não é possível na sua idade e situação, só lhe restando pôr os filhos a estudar e prepará-los melhor para o futuro. Para equilibrar tudo isto tentar dizer ao merceeiro que lhe vai pagar mas vai demorar mais tempo do que o combinado inicialmente. Ela bem lhe diz que mais tarde ela se pode tornar uma boa cliente e cumpridora.

Estratégia 2 – Entregar todos os seus bens, a casa e o carro ao credor das suas dívidas e enviar os filhos para o estrangeiro para trabalharem para eles próprios. Poderia assim cumprir de imediato a sua dívida. Tendo perdido a casa e não tendo filhos consigo teria de se mudar para a velha aldeia. Não tendo também transportes para ir trabalhar na cidade mais próxima teria de se contentar com um emprego muito pior e mais mal pago. Mas pelo menos não devia nada a ninguém.

Resultados práticos

Relativamente à estratégia 1 o merceeiro não vai aceitar de bom grado, então força mesmo a solução da estratégia 2. O que ele quer é o seu dinheirinho mais depressa possível.

O que acontece a longo prazo

A senhora pagou toda a sua dívida e mudou-se para a aldeia. Vive mal, mas lá vai vivendo. Vai plantando umas batatas e umas galinhas de torna-se quase independente, voltando à vida dos seus bisavôs.

Entretanto merceeiro recebeu todo o dinheiro de uma vez mas perdeu a cliente que o alimentava. Despede mais um dos seus ajudantes e passa os dias encostado com pouco ou nada para fazer. Dali a pouco tempo também ele vai pedir emprestado a uns amigos e deixa de ter os filhos a estudar. Vai também acabar por ter de voltar para a aldeia e fica ao nível da sua antiga cliente, mas depois de uma quebra ainda mais drástica do que a da sua antiga cliente.

Conclusão

No final da história a ganância do merceeiro endinheirado deu em todos ficaram mais pobres.

Na realidade é mesmo assim, os povos mais atrasados são mais independentes e sustentáveis. Vivem pior mas de forma atrasada, sem qualidade de habitação, educação, cuidados de saúde, alimentação para subsistir dia a dia.

São sempre os que têm mais os que têm mais a perder. Numa crise de bairro como o descrito no exemplo são os mais ricos os que acabam por levar o tombo mais doloroso.

Se a história acabar assim deitam-se pela janela fora centenas de anos de desenvolvimento social e volta-se a uma sociedade com meia dúzia de senhores feudais e uma multidão de escravos. São as ondulações das sociedades. Está montada uma fábrica de revoluções violentas, (cruzadas religiosas, comunistas, outras novas formas ainda desconhecidas).

Agora o trabalho de fazer a comparação de uma dona de casa e seu merceeiro com um país, fica ao cuidado dos leitores que tiveram a paciência de ter lido este texto até ao fim e o tenham compreendido.

publicado por Eu mesmo às 23:23

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