As perguntas e as respostas:
Vamos por partes.
Morreram 6 jovens na praia do Meco ou não? - sim
Houve um sobrevivente que assistiu a tudo? - sim
O sobrevivente fala com detalhe de tudo o que aconteceu? - não
Os outros estudantes da mesma universidade dão explicações esclarecedoras sobre as práticas das praxes? - não
É normal 7 jovens irem para uma praia à 1h da madrugada num dia de chuva e forte temporal no mar, sentarem-se na areia na zona de rebentação (versão do sobrevivente e dos outros estudantes que dizem que não assistiram a nada) ? - não
Agora as duas possibilidades principais
1 - Foi um acidente
Porque razão num acidente só sobreviveu o chefe do grupo?
Porque razão o sobrevivente, chefe do grupo, parece ter muita dificuldade em dar explicações claras e credíveis?
Porque razão o sobrevivente não se junta solidariamente às famílias das vítimas?
Se os colegas se sentaram na praia em zone perigosa, porque razão o sobrevivente não os avisou do perigo ou não os impediu de o fazerem?
2 - Foi um crime por negligência
O sobrevivente teria obrigado as vítimas a correr riscos desnecessários, portanto seria de certo modo responsável pelo que aconteceu.
Como pode o sobrevivente ficar com a consciência descansada o resto da vida, mesmo que a justiça e a verdade nunca venham a revelar-se?
Sendo o sobrevivente o culpado, não seria melhor para a sua consciência admitir as suas responsabilidades e assumir todas as consequências, incluindo o ser preso ou ter de pagar um indemnização aos pais das vítimas? Pelo menos era mais honesto e melhor compreendido. Um momento de estupidez pode acontecer a qualquer um, mas terá de aceitar as consequências do seu erro.
Conclusão
Se o sobrevivente estiver 100% inocente na culpa da morte dos colegas era melhor para ele falar abertamente com os pais das vítimas e contribuir para a paz interior dele próprio e dos familiares dos outros.
Se for culpado não seria também melhor ao esclarecer toda a verdade e assim contribuir para evitar brincadeiras perigosas e assassinas no futuro?
Um cão é um cão, mas evita certas "praxes".
Outros comentários
Seriam todos mais honestos se admitissem que tinham feito uma praxe para além do razoável e que as coisas tinham corrido mal. Claro que não tinha sido de propósito, tal como acontece com aquelas pessoas que são colhidas nas passagens de nível pelos comboios a alta velocidade. Acontece que aos homens adultos cabem responsabilidades de evitar certos perigos para si próprios e sobretudo para terceiros. É por isso e não por outros motivos que há multas e penalizações para quem conduz um automóvel a 200 km por hora, a quem dispara uma caçadeira sobre alguém da família quando está a fazer a limpeza depois da caçada.
O que escreveu Daniel Oliveira (para quem não leu no Expresso)